"As almas dos diferentes são como estrelas: sua luz tem morada deslumbrante naquele lugar onde poucos são capazes de vê-las e senti-las. Esta morada é rica em tesouros de ternura e simplicidade que todo ser humano precisa ter."

terça-feira, 1 de junho de 2010

Alunos especiais

Como evitar que alunos com necessidades especiais sejam rotulados
Alunos com necessidades especiais de aprendizagem se desenvolvem quando não são rotulados

A escola é o primeiro lugar que a criança frequenta fora de seu círculo familiar e a maneira como ela é tratada lá pode marcar toda a sua vida. Por isso, me preocupa quando, em encontros de formação com professores, percebo que alguns – muitas vezes, de forma inconsciente – rotulam os alunos, principalmente os que têm necessidades especiais de aprendizagem. É possível perceber isso ao ouvir, deles mesmos, expressões fortes, capazes de marcar os estudantes. Por exemplo: "O Marcos é Down". Melhor seria que o verbo fosse "ter" no lugar de "ser", como "oMarcos tem Down".

Quando dizemos que alguém é, automaticamente imputamos a ele um significante que o distingue dos outros. É como se o Antônio, por exemplo, recebesse uma placa: deficiente intelectual – fardo, inclusive, bastante pesado de carregar, pois determina de maneira categórica que o indivíduo só pode ser aquilo na vida, sem alternativas. Tudo o que ele vier a produzir – ou mesmo deixar de produzir – será creditado a essa característica. Quando os educadores agem assim, petrificam o estudante numa identidade que pode mortificá-lo.

Uma das funções da escola é possibilitar à criança perceber-se de maneira diferente da qual é reconhecida na estrutura familiar. Nesse sentido, ela tem a obrigação de exercer sua função libertadora. Quando há uma falha nessa atribuição, o que acontece é preocupante. Vamos dar um exemplo. Um pai, ao matricular o filho na Educação Infantil, fez questão de alertar a equipe pedagógica: "Ele é deficiente e acho que não vai aprender como os outros meninos. Se ficar aqui até o 5º ano, tá bom." A equipe – que era despreparada – aceitou a fala do pai. Durante boa parte da vida escolar, o estudante foi tomado como alguém incapaz de se desenvolver no campo cognitivo. Porém, num determinado semestre, a professora titular precisou ausentar-se e a substituta, nova no quadro docente – e, portanto, desinformada sobre o significante previamente anunciado –, conseguiu alfabetizá-lo em tempo considerado recorde por desconhecer a sentença "ele não aprenderá a ler e escrever". Ela nada mais fez do que sua obrigação: ensinou o que deveria ensinar. O menino respondeu à demanda e conseguiu se libertar do único significante que o marcava (e que lhe custou tanto tempo, tanta vida).

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